quarta-feira, 30 de junho de 2010

As fases do amor e do ódio



A nossa capacidade de amar necessita ser desenvolvida, e tal como o amor, o ódio faz parte da nossa condição humana. Um, não existe sem o outro. Aliás, amar só é possível se conseguirmos vencer o ódio, as decepções, e tudo o que é em regra nocivo para o próprio e para as relações humanas.
Com respeito ao ódio, cujas manifestações vão desde a simples irritação até às explosões de fúria, não é a sua existência que significa problema na relação, mas o modo como lidamos com os sentimentos que o acompanham.
De maneira a diminuir a intensidade desses sentimentos, que podem ser destrutivos, impõe-se a tomada de consciência da sua origem e a capacidade de os verbalizar.
É uma caminhada que se faz ao longo da vida, mas conta muito, ter tido pais que nos permitiram reconhecer e sentir os nossos desejos destrutivos, e tiveram “um jeitinho especial” de nos ajudar a não os pôr em prática. Sem este amor, e em infâncias de privações, humilhações, castigos…só se produz ódio.

Pensemos num bebé, nas suas necessidades e na sua situação de total dependência. As etapas do ódio e do amor, de um modo esquemático, são:
Otto Kernberg * refere duas funções para a raiva, na infância: 1ª função, eliminar a irritação. A 2º função da raiva é eliminar um obstáculo ou uma barreira que separa o bebé da sua fonte de gratificação.

- Num patamar superior de desenvolvimento psicológico, o desejo não é fazer sofrer quem frustra, mas dominá-lo e controlá-lo. Junta-se nesta fase, o desejo de vingança, próprio do ódio. Surge o sadismo – o prazer em fazer sofrer. A inveja e o ódio estão ligados. O amor e ódio, também - as gratificações e frustrações surgem da mesma fonte.
- Num patamar mais acima, a nível do desenvolvimento saudável, começa-se a tomar consciência do nosso ódio e a tolerar os sentimentos de culpa.
- Num patamar superior, é possível a sublimação do ódio, pela coragem, pelo julgamento autónomo, pela integridade moral até pelo auto-sacrificio.

*Otto Kernberg, Agressividade, Narcisismo e Auto-destrutividade na Relação Psicoterapêutica, Climpsi Editores

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Eco e Narciso por Coimbra de Matos

 Caravaggio, Narciso

 "Descontraído e ledo, Narciso – um esbelto jovem – passeava na floresta. Eis senão quando, de entre os ramos, surge Eco, a formosa dama de honra da corte de Juno castigada por Zeus, em razão das suas inconfidências, com perda da fala espontânea; só podia reproduzir em eco o que lhe fosse dado ouvir.
   Narciso, fascinado pelos encantos de Eco, exclama:
   - Amo-te! Como és bela!...
E Eco limita-se a repetir as mesmas palavras em distorção ecóica da voz de Narciso.
   Decepcionado com o que interpreta como indiferença e rejeição, Narciso retira-se, magoado e deprimido.
   Recolhe-se à beira de um lago, carpindo a sua miséria – de amor não correspondido, de ser desdenhado.
   E assim se queda, horas a fio…dias sem conta. Foi-se a paixão da sua vida, a mulher dos seus sonhos. Fica-lhe a tristeza infinda, o desânimo total. Só lhe resta aguardar a morte, olhos pousados na superfície das águas – que espelha a sua imagem de desalento. Mas da qual entretanto se enamora, reza a lenda; perdido no desencanto da relação desejada mas não vivida – a relação depressígena, que ficou aquém do desejo e do fantasma; e o sequente refúgio narcíseo."
Coimbra de Matos no Prefácio de Teresa Flores, Narcisismo e Feminilidade, Climpsi Editores


O encontro é desejado mas não vivido, pela dificuldade em criar relações de intimidade, porque estas pressupõem igualdade, dependência e necessidade de ajuda.
É a desistência de relações de reciprocidade, resultante da decepção de não se ter sido amado, quando, na infância, se era absolutamente dependente e a necessitar de ajuda.

Coimbra de Matos é psiquiatra e psicanalista

domingo, 27 de junho de 2010

Carta sobre o amor e sobre o ódio

Bernini, Rapto de Perséfone

“Do amor só conheço esta mistura de desejo, de ternura e de inteligência que me liga a um determinado ser”.
O Mito de Sísifo, Albert Camus

Caro Sr Albert Camus, pela sua afirmação parece subentender-se que julga que poderia ser mais generoso no amor, mas só um ser que cresceu, se coloca em oferecimento perante outro. Não precisa de conhecer mais ou melhor entrega. Esta só foi possível, porque lhe foi permitido sentir ódio por quem amou na sua meninice, e por quem ama, no presente, e de o superar de modo a reagir de forma protectora. Entenda-se, não virar a agressividade contra si mesmo e contra o outro, ou então, perdoar e  tolerar os sentimentos de culpa.
Caro Sr Albert Camus, para compreendermos o amor, temos de compreender o ódio. Estou até convencida que é mais útil perceber em nós próprios e no outro, como cada um de nós gere as frustrações.
Não é por não termos consciência da origem do nosso ódio - irritação, irritabilidade até às explosões de fúria – que os seus efeitos não se verificam. Até pelo contrário, compreender e verbalizar a intensidade do nosso ódio, diminui o seu potencial destrutivo.
Deixe-me que lhe diga, também, que a sua capacidade de integrar a ternura na sexualidade é uma fase de desenvolvimento sexual, superior.
Ah, o desejo! Com honestidade deveria dizer-lhe que do desejo, desconheço a fonte, ou a explicação da mesma.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ainda Saramago

Ainda em homenagem ao escritor José Saramago:
A sua voz, num filme de animação galego a partir do seu próprio conto «A maior flor do mundo» (AQUI). 



quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Paixão

Razão da escolha da foto: tirei esta foto para ilustrar a paixão - pelo sentimento intenso, vivido a despropósito e mantido na linha de água.

“… o que caracteriza as grandes paixões: a intensidade da dificuldade em vencer e a sombria incerteza do acontecimento.”
Stendhall, O vermelho e o Negro, Clássica editora


A investigação da equipa de Helen Fisher, antropóloga, pretendeu saber o que dá origem ao amor romântico.
O amor romântico tem características comportamentais particulares: pensar obsessivamente no amado(a), considera-lo(a) único(a), especial, estar possuído(a) por uma energia intensa …enfim, emoções poderosas.
Nesta pesquisa, os cérebros dos indivíduos apaixonados foram examinados enquanto observavam uma foto da pessoa que amavam. O mesmo procedimento foi aplicado aos indivíduos que haviam sido rejeitados pela pessoa amada.
Os resultados da investigação apontam para a universalidade do amor (todos o podem sentir, independentemente da idade, orientação sexual, cultura, grupo étnico….), e para o facto de este ser produzido por substâncias químicas específicas e estruturas cerebrais. Também concluiram que, a paixão e razão estão intimamente ligadas no cérebro, tal como concluíu o neurocientista António Damásio.

Cada um de nós tem uma personalidade única, formada pelas nossas experiências de infância e a nossa biologia pessoal. É esta estrutura psíquica, em grande parte inconsciente, faz com que nos apaixonemos por uma pessoa e não por outra” – Helen Fischer. E,  pela natureza do acontecimento, tal como refere Stendhal.

Esta investigação, poderá ser consultada no livro:

Helen Fisher, Porque amamos – A Natureza e a Química do Amor Romântico, Relógio D”Água, 2008

domingo, 20 de junho de 2010

Saramago

No dia do seu funeral:
É importante que tenhamos um segredo e a intuição de algo incognoscível. Esse mistério dá à vida um tom impessoal e “numinoso”. Quem não teve uma experiencia desse tipo perdeu algo de importante. O homem deve sentir que vive num mundo misterioso, sob certos aspectos, onde ocorrem coisas inauditas – que permanecem inexplicáveis – e não somente coisas que se desenvolvem nos limites do esperado. O inesperado e o inabitual fazem parte do mundo. Só então a vida é completa. Para mim desde o inicio, era infinitamente grande e inabarcável.”
Carl Jung (psicanalista) enxertos de uma carta a um jovem erudito

Acredito que este pensamento de Jung pode ser visto como uma mancha de tinta - os defensores de Saramago certamente interpretam-no como se reflectisse o que sempre o moveu, os seus detractores, a sua falta de admissão metafísica (Vaticano).

Memórias

 Porto Moniz, com saudade.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O trabalho imaterial


As transformações no mundo do trabalho e os efeitos na nossa saúde são o tema do artigo “Le travail Nuit-il à la Santé” publicado na revista Philosophie Magazine, nº 39, de Maio de 2010.
As ideias que me pareceram interessantes referem-se ao sector da produção imaterial – não produzir produtos (concretos) - que ocupa o 1º lugar em França e julgo que é a tendência no mundo civilizado.
Em França, 8 em cada 10 pessoas, não fabricam nenhum objecto. Este sector engloba o ensino, a pesquisa científica, a publicidade, a justiça, a medicina, a assistência social e psicológica, etc. O impacto na área da saúde, não é físico, mas mental.
As problemáticas resultantes, são mais difíceis de detectar, por serem de natureza psíquica e psicossomática.
Os danos da organização do trabalho, na contemporaneidade, situam-se deste modo, a nível do sofrimento. Este é um conceito amplo, que designa variadas situações, desde a contaminação por vírus, por amianto, ou por outras situações como o stress, e o assédio moral estudado pela psiquiatra Marie – France Hirigoyen e publicado em várias obras.
Por ultimo, deixo-vos as  características do mercado de trabalho nos países desenvolvidos, que são: o pleno emprego não é mais garantido, o próprio trabalho é mais difícil de conseguir e a expansão do sector de produção imaterial.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A perda


Porque o amor exige um pouco de futuro e para nós só havia instantes. “
 A Peste, Albert Camus

O fim de uma relação - a agonia de uma esperança como diria Agustina Bessa Luís. Da perda de alguém? Ou da perda de um ideal de relação que não se alcançou?

Relembrando Freud e o seu trabalho sobre a perda, sabemos quem perdemos, mas sabemos o que perdemos com o fim da relação? É um exercício que vale a pena fazer. Sempre.

Foto: Imagem de Arte Sacra, cristina simões




terça-feira, 15 de junho de 2010

Vínculos afectivos

Flor Narciso


A teoria da vinculação de John Bowlby (1980), é para mim estruturante para a compreensão das relações afectivas. De facto, tem sido imensa a literatura publicada e a investigação sobre a natureza dos vínculos afectivos.
Por vínculo afectivo, entende-se a atracção que um indivíduo sente por um outro, sendo a sua característica fundamental a necessidade de manter-se próximo dele.
Os defensores da teoria da vinculação consideram que, a qualidade da ligação/vínculo às figuras da infância, vai contribuir, na nossa vida adulta, para o nosso modo de estar nas relações amorosas, sociais ou profissionais. Consequentemente, também consideram que, os distúrbios psiquiátricos são resultado de um desvio, ou de uma falha no desenvolvimento da ligação afectiva com os pais.
Embora sejam conhecidos os estilos de vinculação, a sua ligação com a capacidade empática da mãe - capacidade de amar -  ou figura cuidadora, julgo que não é tão usual. Apresento no quadro seguinte, esta relação.

Com base na teoria da vinculação Hazan e Shaver (1987), Shaver e Hazan (1988) e Shaver, Hazan e Bradshaw (1988) definiram três estilos nas relações íntimas (estilos de vinculação): Seguro; Inseguro - ansioso/ambivalente; Inseguro - evitante.

Estilo Seguro: Considero ser relativamente fácil ficar próximo(a) de outras pessoas e sinto-me confortável quando dependo delas. Habitualmente não me preocupo com a possibilidade de ser abandonado(a) ou de alguém se aproximar demasiado de mim.
Neste padrão, durante a infância, a mãe revelou capacidade empática.

Estilo Inseguro- -ansioso/ambivalente: Acho que as outras pessoas estão relutantes em ficar tão próximas de mim como eu gostaria. Preocupo-me, muitas vezes, que o meu companheiro (minha companheira) não me ame realmente, que não me queira, ou que não queira ficar comigo. Quero ficar muito próximo(a) do meu companheiro (minha companheira) e este desejo, às vezes, afasta-o(a).
Neste padrão, durante a infância, os sentimentos da mãe prevaleceram sobre os da criança.

Estilo Inseguro-evitante: Sinto-me algo desconfortável ao ser próximo(a) de outras pessoas. Sinto dificuldade em confiar nelas completamente e a permitir a mim próprio depender delas. Fico nervoso(a) quando alguém fica demasiado próximo de mim e, muitas vezes, os meus companheiros amorosos querem que eu seja mais íntimo ( a) do que me sinto confortável a ser.
Neste padrão, durante a infância, a mãe revelou indiferença para com a criança.




domingo, 13 de junho de 2010

Dia de Santo António

É PROIBIDO
É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.


É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.

É proibido não demonstrar amor.

Pablo Neruda
   
Aguarela, Alfama, Cristina Simões
Homenagem a Lisboa
Era o nosso lema de vida, quando tínhamos 18 anos (ainda é!). E nos Santos Populares, terminávamos a noite num banco de jardim e no cacau da Ribeira.

sábado, 12 de junho de 2010

O muro


“O essencial era um tipo manter-se impenetrável, era erguer um muro à sua volta e não deixar entrar ninguém. “
A Música do Acaso, Paul Auster Edições Asa

Ao convivermos com alguém que construiu um muro à sua volta – pior será se sente prazer no efeito que causa no outro - a nossa primeira protecção é de origem psíquica.
Ao reler ”O ódio necessário” de Nicole Jeammet, deparei com um texto sobre, digamos, os cuidados a ter nessa relação. Pela sensatez e beleza da escrita, transcrevo-o:

“No registo narcísico nunca nada é adquirido, e a corrida às honras ou aos diversos deslumbramentos procura acumular um vazio, que nada acumulará, um vazio que era o lugar de um objecto (pessoa), o qual não nos soube amar, um vazio que a partir de então se encontra ligado a qualquer encontro que se verifique.
Tomar consciência disso, permite sem dúvida, deixar de sentir o desprezo e a indiferença como muito dolorosos. Não se trata de nós mesmos – nós não existimos, ou existimos tão pouco! – mas do outro que construiu um muro em volta de si próprio. Estabelecer essa distância permite que nos situemos num lugar mais adequado.
Mas tal só será possível se, para nós a expectativa de um reconhecimento exterior não for demasiado grande. Encontramo-nos mais uma vez, tal como repetidamente tem acontecido, perante a necessidade de termos construído em nós um muro interior, no qual seja possível regular a própria estima, a fim de regular a distância relativamente ao objecto exterior (pessoa).
Esta distância permitirá então, passada a irritação, o exercício do espírito crítico, e por detrás das fachadas, a percepção, através de mil pequenos sinais, das dificuldades pessoais, das feridas em carne viva, dos desesperos secretos, e das vergonhas inconfessáveis…”

Foto: Igreja S. Domingos, Lisboa

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Funchal em dia feriado


Que dia bom para desenhar uma aguarela, pensei. É feriado!
Não adianta. Uma foto da Igreja do Colégio e da Igreja da Sé, pode ter o mesmo efeito. Como podemos criar atalhos!!! Mas não para a felicidade.

Nota do dia 12.6.10: Como me enganei! Claro que não há substituto para a experiência de desenhar, porque esta está mais próxima de quem sou (aqui). Foi preciso o tempo passar para me aperceber que, não me gratificou tirar esta foto.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Peter Singer e a Ciência da Felicidade


“ Alguns dos meus colegas, académicos bem remunerados e bem sucedidos, entregavam um quarto do seu ordenado anual aos seus analistas! Isto era para as pessoas que, tanto quanto me era dado a perceber, não eram nem mais nem menos perturbadas do que as que não faziam análise, e, com excepção do seu empenho na análise, não me pareciam diferentes das pessoas que eu conhecera em Oxford ou Melbourne. Perguntei aos meus amigos por que razão faziam aquilo. Responderam que se sentiam reprimidas, ou tinham tensões psicológicas por resolver, ou não viam sentido para a vida. Deu-me vontade de pegar nelas e abaná-las. Estas pessoas eram inteligentes, talentosas, abastadas e viviam numa das cidades mais estimulantes do mundo.”
Peter Singer, Como havemos de viver? Dinalivro 2006


Peter Singer (filósofo) refere-se à necessidade de darmos à nossa vida, um sentido, um propósito, que envolva a responsabilidade por todos os seres vivos e pelo planeta, para além dos nossos desejos pessoais. Mas, quem é feliz?
David Myers (página pessoal) investigador na área da Psicologia Positiva, define as pessoas felizes: têm auto – estima, boas relações íntimas, traços de caracter, sentido de pertencer à comunidade e experiências óptimas (aqui).
Na actualidade, os investigadores, como refere Barros de Oliveira, Psicólogo da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto: “ não focam tanto quem é feliz, mas quando e porque se é feliz”. O que nos remete para a necessidade de desenvolvermos estratégias (de comunicação, gestão de conflitos…),  para lidarmos com a vida.
Ainda a propósito do texto de Peter Singer, nas sociedades modernas, o bem-estar material não resultou em melhorias no bem-estar psicológico.
Sobre a importância do dinheiro, sabemos também que, depois de atingirmos um nível socioeconómico necessário para vivermos com dignidade, mais dinheiro não faz aumentar os índices de felicidade.

Outros recursos, sobre a Felicidade:

http://www.cappeu.com/

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Paradoxo da muralha defensiva


“O essencial era um tipo manter-se impenetrável, era erguer um muro à sua volta e não deixar entrar ninguém. “
Paul Auster A Música do Acaso Edições Asa

Criamos uma fortaleza defensiva, não porque somos fortes, mas sim porque nos sentimos vulneráveis. É essa fragilidade que nos faz evitar as relações com os outros.
Para nos protegermos, tentamos afastar os perigos, mas, essa fortaleza defensiva, se outrora nos protegeu, é ela própria um perigo, porque o que nos obrigou a nos defendermos no passado, já não existe. Está só na nossa mente.
O outro, visto como um perigo, ao não o integrarmos na nossa vida, bloqueamos a possibilidade de chegarmos a conhecer o quanto somos capazes e o quanto somos limitados.
A nossa energia, que podia ser aplicada de um modo criativo nesta descoberta - a maravilhosa descoberta da vida -  é investida na autopreservação.