Picasso, Grand nu au fauteuil rouge, 1929
Neste quadro de Picasso, uma mulher angustiada vê-se ao espelho que nada reflecte, ou não reflecte vida. É este o sentimento vivido pelas crianças que não tiveram pais que levassem a sério as suas emoções.
Como são as mães dos narcísicos? Haverá modos de ser, típicos? A resposta é sim, com reservas, porque elas podem investir de determinada maneira num filho, ao ponto de gerar uma criança narcísica, mas relacionar-se de um modo mais saudável com outro filho.
Assim, o que é importante, é sobretudo o tipo de relação que determinadas mães ou substitutos, estabelecem com as suas crianças, ao ponto de gerar nestas características de narcisismo patológico. De facto, “o que é interiorizado não é a imagem do outro, mas o modelo de uma relação.” (D. Lagache). Ou seja, o modo como nos relacionamos hoje, assenta nessas experiências com as nossas mães e na maneira como as interpretamos. Melhor dizendo, o que conta é o modo como foram vividas as expectativas de sermos amados e decepcionados.
Uma característica geral destas mães, é a desproporção entre os cuidados que a criança necessitava e os que elas foram capazes de dar, devido à incapacidade de estarem em sintonia com os seus filhos. Otto Kernberg refere-se a estas mães, como mulheres que funcionam na aparência como compreensivas, mas de um modo subtil transmitem indiferença e ódio. Acrescenta que elas enfurecem de tal modo as suas crianças, que as deixam desoladas e inconsoláveis, sem capacidade para gerir essas emoções. As mães sobreprotectoras e as mães negligentes estão nesta categoria - fizeram o seu filho acreditar que é melhor do que os outros ou desligaram-se dele.
A este propósito, Coimbra de Matos descreve-as, “o filho é sentido como um prolongamento da própria pessoa, e deverá pensar, sentir e agir como ela, e sobretudo desejar o que ela própria deseja”. E eu te amarei. É a mensagem (sobretudo implícita) destas mães. São sanguessugas, acrescenta. E foi isto que falhou: a capacidade de convencer o filho que o amava como uma pessoa, independente dela.
Como resultado deste tipo de relações, é comum identificarmos o egoísmo implacável destas crianças e a falta de empatia.
Sobre as perturbações narcísicas no adulto, Cristina Fabião, vai mais além: “…incapacidade de pensar acerca de si próprio, da sua relação com o mundo, e com os objectos (pessoas) (área que é obsessivamente avaliada); incapacidade de julgar e sobretudo julgar-se, de decidir-se e tomar o rumo pessoal”.
Como são na prática, as estratégias que estas mulheres usam?
Continua…
Elaborado com base em:
Cristina Fabião, Narcisismo, defesas primitivas e separação, Climepsi
Coimbra de Matos, O Desespero, Climepsi
Laplanche, J., A Angústia, Martins Fontes
Otto Kenberg, Agressividade, narcisismo e auto- agressividade na relação terapêutica, Climepsi
Ronald Fairbairn, Estudos psicanalíticos da personalidade, Vega
Para saber mais sobre o que é o narcisismo patológico, clique (aqui)
Como são as mães dos narcísicos? Haverá modos de ser, típicos? A resposta é sim, com reservas, porque elas podem investir de determinada maneira num filho, ao ponto de gerar uma criança narcísica, mas relacionar-se de um modo mais saudável com outro filho.
Assim, o que é importante, é sobretudo o tipo de relação que determinadas mães ou substitutos, estabelecem com as suas crianças, ao ponto de gerar nestas características de narcisismo patológico. De facto, “o que é interiorizado não é a imagem do outro, mas o modelo de uma relação.” (D. Lagache). Ou seja, o modo como nos relacionamos hoje, assenta nessas experiências com as nossas mães e na maneira como as interpretamos. Melhor dizendo, o que conta é o modo como foram vividas as expectativas de sermos amados e decepcionados.
Uma característica geral destas mães, é a desproporção entre os cuidados que a criança necessitava e os que elas foram capazes de dar, devido à incapacidade de estarem em sintonia com os seus filhos. Otto Kernberg refere-se a estas mães, como mulheres que funcionam na aparência como compreensivas, mas de um modo subtil transmitem indiferença e ódio. Acrescenta que elas enfurecem de tal modo as suas crianças, que as deixam desoladas e inconsoláveis, sem capacidade para gerir essas emoções. As mães sobreprotectoras e as mães negligentes estão nesta categoria - fizeram o seu filho acreditar que é melhor do que os outros ou desligaram-se dele.
A este propósito, Coimbra de Matos descreve-as, “o filho é sentido como um prolongamento da própria pessoa, e deverá pensar, sentir e agir como ela, e sobretudo desejar o que ela própria deseja”. E eu te amarei. É a mensagem (sobretudo implícita) destas mães. São sanguessugas, acrescenta. E foi isto que falhou: a capacidade de convencer o filho que o amava como uma pessoa, independente dela.
Como resultado deste tipo de relações, é comum identificarmos o egoísmo implacável destas crianças e a falta de empatia.
Sobre as perturbações narcísicas no adulto, Cristina Fabião, vai mais além: “…incapacidade de pensar acerca de si próprio, da sua relação com o mundo, e com os objectos (pessoas) (área que é obsessivamente avaliada); incapacidade de julgar e sobretudo julgar-se, de decidir-se e tomar o rumo pessoal”.
Como são na prática, as estratégias que estas mulheres usam?
Continua…
Elaborado com base em:
Cristina Fabião, Narcisismo, defesas primitivas e separação, Climepsi
Coimbra de Matos, O Desespero, Climepsi
Laplanche, J., A Angústia, Martins Fontes
Otto Kenberg, Agressividade, narcisismo e auto- agressividade na relação terapêutica, Climepsi
Ronald Fairbairn, Estudos psicanalíticos da personalidade, Vega
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2 comentários:
Belíssimo texto Cristina! Aliás à semelhança dos outros textos. Define de uma forma tão clara como são as mães narcisicas. Tantas semelhanças com a experiência pessoal... Obrigada pelo teu texto tão esclarecedor. E aguardo as estratégias!
Nunca estou segura se foi clara. Coloquei o linK para maior clareza. As estratégias? Não será fácil, mas vou-me esforçar.Obrigada eu.
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