sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ataques de pânico

Waldmüller , Fedinand Georg, Jovem camponesa, com três filhos na janela (detalhe)

“Robert, um bebé de oito meses de idade, começou a chorar quando ouviu pela primeira vez a máquina de secar roupa a funcionar ruidosamente no máximo. A mãe começou por se sentir preocupada e ansiosa…..Mas depressa compreendeu o que se passava, pegou na criança e começou a andar de um lado para outro, fazendo-a compreender carinhosamente que tudo estava bem. Depois aproximou-se da máquina de secar, ligou-a e desligou-a várias vezes enquanto comentava o que então acontecia. As palavras eram inteligíveis para Robert, mas o seu sentido emocional era-lhe comunicado através do tom e do ritmo do discurso da mãe. Desse modo, ele recompôs-se rapidamente, e o objecto de terror transformou-se num objecto de interesse, num objecto que Robert em breve tentaria ligar e desligar pessoalmente.”
Graham Music, Afecto e Emoção, Almedina

O que Robert estava a sentir, era um ataque de pânico. O que a sua mãe fez, foi ler os sinais emitidos pelo seu filho, e ajuda-lo a tolerar a emoção.
Porém, Robert não foi só aliviado. As mães costumam traduzir por palavras e gestos o que os seus bebés estão a sentir (espelham), o que permite dar reconhecimento às suas emoções e à convicção que os seus sentimentos foram compreendidos. Consequentemente, o nível de ansiedade diminuiu.
Ao beneficiarem desta ajuda, as crianças têm mais possibilidade de se libertarem da ansiedade vivida no corpo, como revelam as suas preocupações pelas sensações fisiológicas, e de gerir a emoção.
É este escudo protector e regulador das emoções que as crianças necessitam, e que todos nós, também, mas só de vez em quando através dos amigos e amores.

Em suma, são ideias chave: as emoções são em primeiro lugar estados corporais, e a capacidade de interpretar a realidade e a capacidade de tolerar tensões são dois aspectos de uma mesma faculdade (Otto Fenichel)







3 comentários:

Cláudia disse...

Olá Cristina!

Gostei do seu texto, por isso gostaria de aprofundar o tema. Se tiver algumas sugestões de livros sobre o assunto em questão, além daquela que está indicada, poderia indicar?

Cumprimentos,

cristina simões disse...

O que eu pretendi com este texto, foi alertar para a uma fonte essencial que nos ajuda a lidar com as nossas ansiedades – a capacidade de quem cuidou de nós, em crianças – mesmo que outros factores possam estar envolvidos. Quanto à terapia, há vários modelos de intervenção. O vídeo do YouTube da Dr ª. Cláudia Maria Miranda, é claro: http://www.youtube.com/watch?v=4conoLvEcPM&feature=related
Obrigada pelo interesse

Anónimo disse...

Olá Cristina!

Obrigado pela referência ao vídeo.

Cumprimentos.