domingo, 6 de fevereiro de 2011

Pessoa e Mário Sá-Carneiro


Celeste Malpique psiquiatra e psicanalista no seu livro “Fernando em Pessoa”, Editora Fenda, apresenta uma reflexão psicanalítica deste autor da Língua portuguesa.

Sobre a relação narcísica entre Fernando Pessoa e Mário Sá- Carneiro:

    “Enquanto Fernando Pessoa, pela sua exigência formal e pela heteronímia foi mais defensivo na Poesia, a libertação emocional que Mário Sá- Carneiro atinge na Poesia deixa-o desprotegido e extravasa dramaticamente na crise melancólica.
    Entre estes dois poetas geniais, com grandes fragilidades no seu funcionamento psíquico, podemos apreciar uma identificação narcísica que, de certo modo, reforçou em ambos os aspectos mortíferos.
Espelharam-se, admiraram-se mas, vendo apenas um no outro a sua própria depressão, “a sua falha”, não conseguiram, através de uma relação, salvar-se. O espelho estilhaçou!
    Com efeito uma relação de intimidade homossexual entre eles estaria votada ao fracasso, pois era impossível a partilha. Sá carneiro sempre fugido, procurando-se num Paris idealizado (no Além) e Pessoa solitário intelectual e inibido, investido em desígnios místicos.
    Sá-Carneiro suicidou-se; Fernando Pessoa sobreviveu pelo seu misticismo visionário, mas o seu comportamento era suicida e cedo morreu.” Pag 134

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