sábado, 26 de fevereiro de 2011

Fernando Pessoa e a dor de não ser

Celeste Malpique, psicanalista, no seu livro Fernando em Pessoa, apresenta uma reflexão psicanalítica de deste autor da cultura portuguesa:

Sobre a infância
As vivências traumáticas da infância (até aos 6 anos), teriam sido recalcadas, e a organização de defesas esquisoides e obsessivas, fizeram – no mergulhar no isolamento e acentuaram a intelectualização e timidez. As tentativas aditivas para o tabaco e o álcool, podem ter sido tentativas para superar a depressão, pela falta de objecto ou de amor do objecto.

Sobre os heterónimos
A heteronímia, que é o traço mais original da Obra Poética, resultaria de uma defesa esquisoide para alívio da ambivalência e angustiantes contradições em que se debatia.

Sobre o pensar
A permanente auto-observação, a focalização obsediante no acontecer interno chegou a ser autodestrutiva na medida em que o impediu de viver as emoções, isto é o impediu de se relacionar, de amar, e o afundou, cada vez mais, no isolamento. Poderíamos dizer que Fernando não se curou mas evitou a loucura.

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