Jason Middlebrook Finding Square 2011
Neste dia 25 de abril, o dia da liberdade, não escapei à vontade de pensar no poder político. Estamos todos, ou quase todos, muito zangados com os políticos. Possivelmente as nossas razões são partilhadas, e impulsionaram-me a colecionar uma série de afirmações (de momento deixo-vos só três), que pretendem dar voz aos sentimentos que possamos nutrir por eles.
Começo por um pequeno texto de Joan Riviere que nos permite distinguir as diferenças entre o amor ao poder e o poder do amor, a que se segue um texto de Melanie Klein, que bem pode dizer respeito tanto aos políticos como a todos os que no dia de hoje falam dos grandes valores da liberdade ou da justiça social, que na mente deles não passam de abstrações, mas que na verdade, não estão verdadeiramente comprometidos com as pessoas. São exemplos, os entusiastas pelas causas, mas pouco solidários com os que lhes são próximos.
Não resisto a uma citação Abraham Lincoln, Presidente dos EUA (1809-1865): “Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas, se quiser pôr à prova o carácter de um homem, dê-lhe poder.”
“Mas o poder do amor é algo fundamentalmente distinto do amor ao poder, que é essencialmente egoístico e incapaz de fundir-se com o amor em qualquer grau; não poderá senão simulá-lo. O verdadeiro amor revela capacidade de sacrifício, certa capacidade de suportar o sofrimento, alguma dependência – o que para o bem do amor representa um lucro ainda maior; a necessidade de poder brota diretamente da incapacidade de tolerar seja sacrifícios por outros ou dependência dos outros. Devido a esta incapacidade subjacente, qualquer tentativa de levar a cabo um objetivo evidentemente construído mediante excessiva omnipotência é sempre falsa – por apoiar-se sobre um argumento ilusório – e vence, no caso de conseguir impor-se com sucesso, apenas por meio de fraude ou violência. Joan Riviere*
“ Em algumas pessoas, contudo, esse deslocamento para objetos não-humanos tornou-se a sua maneira principal de lidar com os conflitos, ou melhor, de escapar aos mesmos. Todos conhecemos o tipo de amigo de animais, colecionador apaixonado, cientista, artista, e por aí fora, que são capazes de um grande amor, e frequentemente de autossacrifício, pelos objetos da sua dedicação ou de seu trabalho selecionado, mas que pouco interesse ou amor têm a gastar com seus semelhantes”. Melanie Klein*
*Melanie Klein e Joan Riviere Amor, Ódio e Reparação Imago Editora
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