terça-feira, 1 de março de 2011

O desejo

Peter Blake, Interior

“São os neuróticos pessoas que se alienam dos seus impulsos instintivos. Não sabem deles, nem querem os conhecer. Não os sentem em absoluto ou sentem só pequena parte deles; ou experimentam-nos de maneira distorcida.”
Otto Fenichel, Teoria Psicanalítica das Neuroses

Eis a questão: Como lidamos com o desejo instintivo, imoral, que nos atormenta e que poderia romper desgovernado? Vamos lidando o melhor que sabemos e podemos. Mas há quem lide mal com o seu mundo interior de desejos e emoções.
Os actuais terapeutas familiares, entre outros, têm abordagens muito interessantes sobre estas temáticas, mas na obra citada, escrita nos anos 40 do século passado, Otto Fenichel caracteriza dois perfis de pessoas que revelam comportamentos perturbados face às suas emoções, e situa-as em extremos opostos.

Num extremo, teríamos o tipo descrito acima, que evita “consciencializar as suas insuficiências, provocando a si mesmo que são muito eficientes; são naturezas frias, incapazes de simpatia por outros seres humano; fogem das fantasias, que lhes metem medo, para a realidade, realidade morta, inerte, porém."  Nem sabem descrever os seus amigos. "Não entendem o “processo primário” a psicologia das emoções e dos desejos" e fogem das tentações. São do Tipo Frígido.

No outro extremo, está o Tipo Pseudo-Emocional, descrito assim: “É o homem que tem emoções intensas, porém descontroladas; nele as emoções, porque não encontram a saída natural, inundam e sexualizam tudo. As pessoas assim são hiperagitadas, incapazes de colocar seja qual for a distância entre si e os seus sentimentos; vivem no processo primário em demasia para poder reflectir a respeito.”  Segundo o referido autor, as pessoas deste Tipo podem tirar vantagens da sua (pseudo) empatia.

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