domingo, 6 de março de 2011

Allen Gomes

No artigo de Andreia Sanches sobre o casamento e as uniões de facto, publicado no Jornal Publico de ontem, Allen Gomes, psiquiatra e sexólogo, é entrevistado em conjunto com outros especialistas destas matérias. Dessa entrevista retirei a seguinte parte:

Allen Gomes: "As pessoas passam boa parte do seu tempo no trabalho, almoçam com os colegas, sentados, a conversar, algo que se calhar não fazem à noite, quando chegam a casa, com a família. E acabam por criar relações de maior intimidade do que aquelas que têm com o marido ou com a mulher."
Andreia Sanches: Chegam a ser amorosas, estas cumplicidades nas empresas?
Allen Gomes "Há a noção de que, se houver sexo, essa relação estoira, a amizade acaba, por isso protege-se a relação - e protege-se a culpa. Fica esta espécie de amor platónico, nem sei como chamar-lhe."

Na minha opinião, Allen Gomes pode não saber que denominação dar a estas relações, mas explica-as muito bem.
Quem estabelece estas regras ou as aceita, não convive com a outra pessoa na sua totalidade, quer seja, conforme o caso, com a sua mulher ou marido, em casa, ou com a sua colega ou seu colega, no trabalho. O mesmo mecanismo está subjacente nos casos de divórcio em que o casal mantém relações...agora sou eu que não sei como chamar-lhes.
O que se tenta é isolar o amor e todas as emoções positivas de um lado e as agressividades e insatisfações, de outro, de modo a que não interfiram sentimentos negativos com os positivos. Pretende-se salvaguardar assim, a vida e a saúde física e mental nossa, e daqueles a quem dependemos.
É um modo de viver fragmentado, podendo ser gerador de ansiedade. O desafio será, como sempre escrevo, amar uma pessoa real apesar de, por vezes, nos desapontar.

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